Ele estava andando apressado, porque ele era um adulto, e adultos sempre andam apressados. Ele carregava uma bolsa de couro porque homens de negócio sempre usam bolsas de couro debaixo do braço. E homens de negócios eram ainda mais apressados do que adultos normais. Ele socou a camisa social para dentro da calça e continuou andando. Tinha muita coisa pra fazer: buscar dois memorandos, ligar para o chefe, pagar a conta de luz, comprar meias novas, passar em algum restaurante para pegar uma marmita, ligar para o advogado, copiar os memorandos, ir para casa, limpar a cozinha e passar o resto da noite relendo e corrigindo os memorandos. Era muita coisa para um dia só, e o dia já estava na metade.
Ele apertou o passo e, quase imediatamente, seu telefone tocou. Aquilo não estava previsto e só significava uma coisa a mais para encaixar na agenda. Era o chefe perguntando se ele já tinha conseguido os memorandos e ele respondeu que ainda estava a caminho. O chefe pareceu irritado e mandou ele se apressar. O homem desligou o celular e caiu no chão. Não de propósito, claro, mas porque tinha trombado em uma mulher de negócios apressada. Eles pediram desculpas simultaneamente e se ajudaram a levantar. Ele olhou para ela.
Ela era linda. Tinha olhos claros, cabelos ruivos presos para trás e sua boca desenhava um coração delicado nas suas bochechas maquiadas. Seu queixo tinha uma entradinha delicada e aquilo excitava o homem. Por um segundo sentiu vontade de pular em cima dela e agarrá-la. Mas no segundo seguinte ele percebeu que ela era uma mulher séria, era inteligente e provavelmente gostava de café. Ele não adivinhou isso, lógico, mas é porque o café dela agora estava esparramado pelo chão.
Queria convidá-la para compensar o café que ele tinha derrubado. Iram até a Starbucks mais próxima e ele pagaria um café para ela. Eles riram e ela contaria que se sente muito sozinha à noite porque acabou de romper com o namorado. Ele perguntaria se ela quer ir jantar em algum lugar naquela noite e eles iriam, e se beijariam no fim do encontro. Mas ela não iria para casa com ele porque precisava terminar de preencher uma papelada. No dia seguinte ele iria até a casa dela com suas flores preferidas, que ela teria comentado no encontro da noite anterior, e ela ficaria feliz. Aí sim eles iriam dormir juntos e se amariam. Algumas semanas depois eles iriam começar a namorar e se casariam no inverno. A mãe dela choraria e o pai dele ficaria bêbado, armando um barraco no meio do brinde. Teriam dois filhos: um menino e uma menina, e iriam se mudar para uma casa maior. Os filhos iriam para uma boa faculdade e os dois passariam o resto das tardes passeando pela praia e pelos parques.
Mas ela só pediu desculpas e se baixou para pegar as coisas. Ele fez o mesmo, acordando do seu devaneio. Ela sorriu e falou obrigado, se virando para ir embora. Ele lembrou dos memorandos e também se virou. Seu celular tocou. Era o chefe perguntando mais uma vez se ele já tinha pegado a papelada. Ele pediu um momento e se virou para a mulher: perguntou se ele podia pagar um café para ela. Ela disse que estava com pressa e precisava ir. Ele assentiu.
Respondeu ao chefe que já estava à caminho e, com sua mala de couro debaixo do braço, continuou a andar apressado, como se nada tivesse acontecido.
Ele apertou o passo e, quase imediatamente, seu telefone tocou. Aquilo não estava previsto e só significava uma coisa a mais para encaixar na agenda. Era o chefe perguntando se ele já tinha conseguido os memorandos e ele respondeu que ainda estava a caminho. O chefe pareceu irritado e mandou ele se apressar. O homem desligou o celular e caiu no chão. Não de propósito, claro, mas porque tinha trombado em uma mulher de negócios apressada. Eles pediram desculpas simultaneamente e se ajudaram a levantar. Ele olhou para ela.
Ela era linda. Tinha olhos claros, cabelos ruivos presos para trás e sua boca desenhava um coração delicado nas suas bochechas maquiadas. Seu queixo tinha uma entradinha delicada e aquilo excitava o homem. Por um segundo sentiu vontade de pular em cima dela e agarrá-la. Mas no segundo seguinte ele percebeu que ela era uma mulher séria, era inteligente e provavelmente gostava de café. Ele não adivinhou isso, lógico, mas é porque o café dela agora estava esparramado pelo chão.
Queria convidá-la para compensar o café que ele tinha derrubado. Iram até a Starbucks mais próxima e ele pagaria um café para ela. Eles riram e ela contaria que se sente muito sozinha à noite porque acabou de romper com o namorado. Ele perguntaria se ela quer ir jantar em algum lugar naquela noite e eles iriam, e se beijariam no fim do encontro. Mas ela não iria para casa com ele porque precisava terminar de preencher uma papelada. No dia seguinte ele iria até a casa dela com suas flores preferidas, que ela teria comentado no encontro da noite anterior, e ela ficaria feliz. Aí sim eles iriam dormir juntos e se amariam. Algumas semanas depois eles iriam começar a namorar e se casariam no inverno. A mãe dela choraria e o pai dele ficaria bêbado, armando um barraco no meio do brinde. Teriam dois filhos: um menino e uma menina, e iriam se mudar para uma casa maior. Os filhos iriam para uma boa faculdade e os dois passariam o resto das tardes passeando pela praia e pelos parques.
Mas ela só pediu desculpas e se baixou para pegar as coisas. Ele fez o mesmo, acordando do seu devaneio. Ela sorriu e falou obrigado, se virando para ir embora. Ele lembrou dos memorandos e também se virou. Seu celular tocou. Era o chefe perguntando mais uma vez se ele já tinha pegado a papelada. Ele pediu um momento e se virou para a mulher: perguntou se ele podia pagar um café para ela. Ela disse que estava com pressa e precisava ir. Ele assentiu.
Respondeu ao chefe que já estava à caminho e, com sua mala de couro debaixo do braço, continuou a andar apressado, como se nada tivesse acontecido.