quinta-feira, 20 de setembro de 2007

A vida de um homem chamado Tom

Ele era um cara alto, consideravelmente taciturno e bastante amistoso. Ele acordava por volta das seis da manhã e chegava ao trabalho ás sete. Almoçava por volta de uma hora e chegava em casa ás seis e meia. Costumava jantar macarrão de microondas e ver televisão o resto da noite. Quando nasceu, sua mãe resolveu que seu nome seria Tom.
Naquele dia prolixo em especial Tom resolveu checar sua correspondência antes de entrar em casa. Aliás, ele nunca recebia nada além de contas. E foi o simples abrir da caixa de correio que mudou o resto da sua noite e, quem dirá, da sua vida. A portinhola abriu e balançou perigosamente sobre a única dobradiça que ainda restava, enquanto Tom recolhia as contas de luz e água. Depois de ter o correio recolhido, bateu a portinhola com um pouco mais de força do que deveria, e um baque fino anunciou que a última dobradiça também já era.
Por alguns milésimos de segundos o apetrecho de metal caiu em direção ao pé de Tom, e acertou seu dedão com uma força nauseante. O berro, como podem imaginar, foi plenamente audível. Ele xingou toda a família ainda viva da porta da caixa de correios e mancou para dentro de casa. Mórbido ao estremo, olhou para a unha sangrenta no seu pé e achou prudente procurar um hospital.
O caminho foi longo e dolorido. Sempre era. Tom mancou até a recepcionista e ainda conseguiu energias para discutir com ela. “Mas eu estou para perder o dedo!”. E depois de algum tempo ele entrou na sala de emergências. Soltando ganidos exagerados de dor, ele foi examinado, medicado e enfaixado. Estava sentado numa das salas brancas do hospital e ficou encarando o dedo recoberto de branco. Parecia ter duplicado de tamanho.
Passou quase quatro horas no hospital até ser liberado sob o pretexto de voltar em duas semanas. Posso dizer que a vida não ficou mais generosa para com Tom. Ele ia trabalhar no mesmo horário, almoçava no mesmo horário e saía no mesmo horário. Chegava em casa e jantava a mesma comida, depois de dar uma olhada para a caixa de correio sem porta, e assistia os mesmos programas.
Duas semanas se passaram e ele voltou para o hospital. Demorou na sala de espera, aguardou no corredor e esperou na sala do médico. O doutor passou uns dez minutos fora da sala antes de entrar. A porta atrás de Tom se abriu, mas a voz que ele escutou não foi a de um médico.
- E então, como tem sido?
A mulher examinou seu dedo e mandou removerem as ataduras. Indicou um novo medicamento e o despachou. Tom não. Ele virou-se pela última vez antes de sair da sala dela:
- Você está livre amanhã á noite?
Foi a primeira remada que ele deu contra a rotina. Eles se encontraram, namoraram por alguns meses, mas ao contrário do que estão pensando, eles não se casaram. Cada um seguiu seu caminho, mas Tom não deixou mais que o caminho o levasse. Desde então ele tem um novo emprego, acorda mais tarde, chega em casa mais cedo, janta coisas diferentes á cada dia e marca programas para a noite. Agora Tom é um homem livre.

Até consertou a porta da caixa de correios.

13 comentários:

Júnior de Paiva / Dish disse...

meio que dramatico!
mais bom...
gostei!
parabens!

Renan Bono disse...

puxa vida, cara.

muito bom mesmo.

parabéns.

Um blog por acaso disse...

vai ver foi a dor q o fez acordar para a vida

Net Esportes disse...

bem legal essa história..... parece até roteiro de filme !!

MaxReinert disse...

heheheh... Muito bom Tom... antes tarde, do que mais tarde ainda!!!!!

Anônimo disse...

Igor!!! Antes de mais nada: o conto ficou bom cara, gostei :] e achei boom os dois nao ficarem juntos pra sempre.. seria muito historia de novela das seis. =D

Agora, brigadao pelo comentario la no meu blergh, e atendendo seu pedido eu atualizei com um novo conto (já que nao aconteceu nada de interessante pra que eu postasse ...ah... aconteceu sim, mas fica pro proximo post).
se quiser dár uma checada, à vontadê =D
tchaus, e fica bem.

http://rafus.zip.net

Anônimo disse...

huahuhuahauhauha 8D
"dois coments seguidos"
é logico que eu quero que tu me link xD
alias, eu disse que ia te linkar mas nao atualizei a pagina, e vc vai tar linkado sim... ow, se vc nao tiver button eu posso fazer um com a img do seu lay pra botar na pag principal? Alias, seu lay nao ta uma mrda nao ¬¬ pelo contrario, está, em sua simplicidade, otimo =D as cores ficaram ótimas assim como a organização. e obrigado por deixar um longo comente, alem de eu ter gostado, deu um volume lá =D
Ah, o que eu ia contar é sobre a "festinha particular" que eu dei pro meu amigo joao, junto com a fernanda, minha outra amiga =D talvez post hj, depois passa lá, se tiver postado, bem, se não, amém xD tchau e passar bem Iigôr, meu quase irmão que mora longe.

Rayra Costa disse...

Adorei o texto..principalmente o ultimo paragrafo!altamente descritivo...até senti a dor dele e vi a unha sangrenta na minha frente!
hahaha
beijos

Anônimo disse...

Ótimo texto, rapaz.

Anônimo disse...

aah.muito boom.adorei.
realmente.pequenas coisas podem mudar nossas vidas.
xD

lira S2 disse...

* pula pula* 10 comentários, que bom ..... * continua pulando *
dei um jeito de entrar nu teu blog, fui nu orkut e fique atualizandoa pagina ate dar certo
=D
muito bom mesmo o texto do Tom ..... profundo ...
Oo

=*

Anônimo disse...

, dessa vez postei um poema, se puder ler...
:]
espero que goste ^^
e... dexa.
fica bem quase irmão O//

Anônimo disse...

aiiin.*-*
seu blog ta muito bom cara.
olha quantas pessoas estao lendo.
sem contar aqueles que nao comentam.
xD